quarta-feira, 23 de julho de 2008

Recenseamento Eleitoral de Emigrantes - 1991


Para o post número 50 do Velhos Anúncios, mais uma memória da publicidade institucional portuguesa. Este anúncio, datado de 1991, destinava-se a divulgar o recenseamento eleitoral pelos emigrantes portugueses que entretanto regressavam ao seu país. O objectivo parecia pertinente, mas o anúncio parece quase uma paródia à condição do emigrante, não só pela total escassez de meios (que o tornam numa produção institucional série B), mas também por deitar completamente por terra a ideia de que o emigrante regressava a Portugal em condições melhores do que aquelas em que partia. Convenhamos que um Renault 9 (e parto do princípio que o modelo é este, o meu conhecimento sobre automóveis não dá para muito mais) com duas ou três malas é bastante pouco para quem terá passado tantos anos em França. Para além disso, fomenta também o estereótipo do excesso de tempo associado à vida nas aldeias, pois esta família, mal chega, tem logo um grupo de pessoas parado à porta de casa à espera do regresso do malfadado Renault 9. Não existindo telemóveis em 1991, seria difícil que este grupo de aldeões soubesse com precisão a hora exacta da chegada. Ainda assim, uma boa recordação.

1 comentários:

Anónimo disse...

Só hoje dei com o vosso blog que, pessoalmente, acho bastante pertinente. É sem dúvida uma excelente ideia, compilar a passada produção publicitária portuguesa, para que possa ser analisada a sua evolução ao longo dos tempos.

Com este objetivo, posso mesmo dizer que o blog pode até ser considerado de utilidade pública. No entanto, os vossos comentários estragam tudo.

Compreendo que, como bons portugueses, não se consigam inibir de comentar o que não sabem, transformando uma mera opinião em verdade universal.

Trabalho em produção de Cinema e Televisão desde 1987 e posso por exemplo garantir que anúncios como estes, só eram rodados e produzidos com estes meios porque havia clientes - nomeadamente o Estado - que não queriam pagar por um orçamento mínimo que garantisse a qualidade.

Por isso as maiores produtoras de publicidade saltavam fora dos concursos e só restavam as pequenas produtoras de televisão - muitas delas em que os realizadores não o eram de facto (porque eram essencialmente profissionais da imagem que faziam um pouco de tudo). Esta é talvez uma das razões da menor qualidade da realização.

Mas toda a gente que conhece realmente a publicidade sabe que os realizadores de publicidade são essencialmente técnicos e que o conteúdo dos anúncios começa por ser definido ao detalhe pelas agências e aqui, no caso destes anúncios de baixo orçamento, não houve nunca agências envolvidas. Os clientes destes anúncios, uma vez mais para poupar dinheiro, saltavam por cima das agências.

Sem ovos não há omeletes!

Neste anúncio em concreto, se não alinhar desde logo no tradicional "bota abaixo" e se tentar pelo contrário fazer uma análise critica, mas ao mesmo tempo científica do mesmo, consigo perceber uma série de coisas:

1) foi feito com recurso a figurantes não profissionais, talvez familiares e amigos, ou amigos dos amigos,

2) com meios limitados, talvez até alguns - como o "malfadado Renault 9 - dos próprios figurantes e

3) acima de tudo, que houve uma vontade da produtora de fazer mais e melhor do que era habitual nestas produções que, na maioria dos casos eram uma sucessão de "cartões" manipulados na pós-produção.

Para mim, o erro de quem fez este anúncio foi tão somente, ter acreditado que sem ovos se podem fazer omeletes e se quiserem aqui enxovalhar e trucidar alguém, que seja a CNE e o Estado Português, os verdadeiros responsáveis por estes resultados.

Continuem o vosso trabalho, mas abstenham-se por favor de enxovalhar os profissionais no audiovisual português. Obrigado.

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